ENQUADRAMENTO E FUNDAMENTAÇÃO DO PROJECTO

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terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Dinâmica para 2010/11

Este ano, Ler é preciso! pretende recordar o Prémio Nobel de Literatura, José Saramago, e contará com três momentos:

1º - À descoberta do escritor – vida e obra;

2º- Uma obra de José Saramago do pré-escolar ao Secundário;

3º - Diversas obras “à roda de Saramago” e da temática “flor”.

A obra escolhida é A Maior Flor do Mundo é ,um conto infantil, escrito por José Saramago onde o autor/narrador mostra a sua vontade de escrever um livro para crianças, porém considera que não tem capacidade para tal tarefa. Temos então um esboço de uma história de um menino que ajuda a crescer a maior flor do mundo. O autor sabe que se soubesse escrever para um público mais jovem, esta "seria a mais linda de todas as que se escreveram desde o tempo dos contos de fadas e princesas encantadas...". Está lançado o desafio: contar, recontar, embelezar, alterar, a história. Saramago envolve-nos na sua história e lança um desafio: “Quem sabe se um dia virei a ler outra vez esta história, escrita por ti que me lês, mas muito mais bonita? …"

A obra permite diversos graus de aproximação. Na ilustração que acompanha o texto podemos identificar várias referências a um universo infantil: Ilha do Tesouro, Moby Dick, duendes, gnomos e fadas, entre outros. Parece-nos que as relações inter-semióticas estabelecidas entre o texto e a imagem, abrem um leque de possibilidades de interpretação polissémicas. Nefatalin Gonçalves Neto ressalva que, um dos grandes méritos de A maior Flor do Mundo é o facto de valorizar tanto a imagem como a palavra «Desta forma, pensar na ilustração do livro infantil é ver a imagem não a serviço do texto verbal. O ilustrador, tal como o poeta, representa em imagens visuais as imagens mentais suscitadas pela palavra. Como não há limites para a imaginação, o ilustrador pode até extrapolar o texto verbal, informando algo que a palavra não chega a expressar. É a literatura infantil educando o olhar dos pequenos e preparando-os para o mundo ficcional. É próprio do escritor discutir o fazer poético. Assim é a obra infantil de José Saramago. Seu livro oferece à criança uma narrativa poética marcada pela preocupação estética do escritor conjugada à plástica do ilustrador». [1]

Este estudioso destaca a forma como iconicamente o escritor é representado, um homem velho, calvo, de sobrancelhas, que usa óculos e que possui uma característica especial: «sua roupa é uma composição de colagens de papéis sobrepostos. Esta sobreposição sugere uma metalinguagem da acção do escritor, uma pessoa que é feita tanto de carne quanto de papel, que constantemente usa de sua própria experiência pessoal para compor o ficcional. Sua feição, de quem pensa e reflecte o que está a escrever marca, picturalmente, uma nítida preocupação com o acto de escrever. É interessante notar que a postura do desenho que representa o escritor, com a mão esquerda apoiada no queixo, faz-nos d'O Pensador, de Rodin. Assim, o texto, que se mostra desde as primeiras linhas, auto-reflexivo, revela-se também dialógico e amplia sua dimensão por meio de ilustrações» (idem, ibidem).

Quanto ao texto de Saramago, este levanta imensas questões: o diálogo generoso entre o texto e o leitor; a possibilidade de cooperar com a história e o eterno desafio: «Vou ou não vou? E foi.». Depois o gesto da criança, herói sem nome cujo «agir altruísta […] garante à flor, anteriormente "tão caída" e "tão murcha", um renascimento vivificado, que se concretiza num seu afastamento simbólico da terra e numa sua elevação em direcção ao céu. Todavia, esse esforço hercúleo causa na criança uma mudança do seu estado, singelamente apresentada como um adormecimento»[2]

Num primeiro momento, favorecer-se-á trabalho de descoberta do escritor. Numa época em que a informação está cada vez mais disponível é necessário que se enfatize a importância das Bibliotecas Escolare, não só no acesso, mas no tratamento da informação. Assim, disponibilizar-se-ão algumas obras de sobre José Saramago (i.e. Chamo-me José Saramago de Cidália Fernandes.)

O segundo momento será o de trabalho directo com a obra escolhida. Para tal, será disponibilizado material de suporte para os docentes e alunos.

Entendemos que «a leitura literária em sala de aula, qualquer que seja o nível de ensino, será uma orquestração polifónica em que vozes várias produzirão sentidos num ambiente de respeito mútuo pelo saber do outro, num processo complexo de re – conhecimento»[3], assim, num segundo momento, a obra será abordada de acordo com as diversas faixas etárias, com as características e interesses dos alunos. Este é um trabalho da responsabilidade de cada titular de turma, de cada docente ou grupo de docentes.

No terceiro momento, e pretende-se o desenvolvimento de actividades que envolvam:

- Outros textos de Saramago;

- A verdadeira história dos pássaros de vater hugo
(Prémio/José Saramago);

- As histórias de Alves Redol: A Flor...

- Outras obras...


[1] "Entre a criança e a história: o caso de A Maior Flor do Mundo de José Saramago Nefatalin Gonçalves Neto (USP), in http://www.alb.com.br/anais17/txtcompletos/sem15/COLE_2727.pdf[acedido em 30 de Novembro de 2010]

[2] in "A maior flor do mundo, de José Saramago : reflexão metatextual acerca do texto literário para a infância"(2002), Fernando José Fraga de Azevedo, in http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/2858/1/Azevedo-Saramago.pdf[acedido em 30 de Novembro de 2010]

[3] "Ensinar Literatura, Promover Valores – uma proposta de leitura de A Maior Flor do Mundo, de José Saramago" , Isabel Lopes Delgado, in http://www.exedrajournal.com/docs/02/12-Isabedelgado.pdf [acedido em 30 de Novembro de 2010]